sexta-feira, 18 de janeiro de 2013


O SOL É PARA TODOS (Robert Mulligan). Clássico dos anos 60, o filme conta a história da família de Atticus Finch, um viúvo que vive com seus dois filhos na pequena cidade de Maycomb, na época da depressão. Atticus é advogado, homem simples e de grande caráter. Seus filhos aprendem com ele os princípios da justiça, do respeito e da igualdade. As crianças promovem cenas de pura sensibilidade, além de grande valor e significação para uma melhor convivência. A relação entre pai e filhos é harmoniosa, terna, e ainda mais solidificada, já que Atticus é pai e mãe ao mesmo tempo. Quando aceita defender o negro Tom Robinson, acusado de estuprar uma moça branca, Atticus passa a sofrer o ódio e o racismo de alguns habitantes da cidadezinha, inconformados com o seu trabalho. Ao mesmo tempo que leva o caso adiante, tenta proteger os filhos dos mesmos sentimentos de que é vítima, sem nunca instigar ou promover a violência. No dia do julgamento, Atticus prova a inocência do réu, evidenciando a hipocrisia e o cinismo daquela acusação de caráter preconceituoso. Ainda assim, o veredicto não envereda pelos caminhos da justiça e o desfecho da história é surpreendente.

O SENHOR DAS ARMAS (Andrew Niccol). Baseado em uma história real, o filme conta a história de Yuri Orlev, interpretado por Nicolas Cage, um imigrante ucraniano nos EUA que se torna um poderoso traficante internacional de armas. Aparentemente, o filme seria apenas mais uma daquelas histórias violentas que fazem tanto sucesso nos cinemas. Mas, ao final do filme, se percebe que o mesmo é uma incisiva crítica política à indústria e ao comércio da guerra, esse lucrativo negócio que enriquece justamente os principais países que se dizem “defensores da paz”, mas que continuam promovendo uma camuflada política belicista.

O PEQUENO TRAIDOR (Lynn Roth). O filme se passa na cidade da Palestina, em 1947, meses antes de Israel se tornar um estado independente. Proffy Liebowitz é um garoto judeu de doze anos que almeja o dia em que as forças de ocupação inglesas deixem sua terra. Proffy e seus dois amigos estão sempre pensando em algum plano para aterrorizar os ingleses, até a noite em que é surpreendido na rua depois do toque de recolher pelo oficial inglês Dunlop. Em vez de prendê-lo, Dunlop leva o garoto até em casa e, nas semanas seguintes, os dois prováveis inimigos começam uma intensa amizade. E Proffy é considerado publicamente como traidor, numa experiência que irá marcar sua vida para sempre, especialmente ao constatar sua genuína amizade com o inimigo.

O ÓLEO DE LORENZO (George Miller). Baseado em uma história real, o filme conta a história de Lorenzo Odone, um garoto de cinco anos com o diagnóstico de uma doença terminal rara. Seus pais, Augusto e Michaela Odone, iniciam, então, uma missão extraordinária para salvar Lorenzo, enfrentando médicos, cientistas e grupos de apoio que relutavam em incentivar o casal na busca de uma cura. O esforço inesgotável dos dois testa a resistência de seus laços de união, a profundidade de suas crenças e os limites da medicina convencional. 

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013


O MENINO DO PIJAMA LISTRADO (Mark Herman). Durante a Segunda Guerra Mundial, uma família alemã se muda de Berlim para Auschwitz, quando o patriarca é ordenado por Hitler para trabalhar no campo de concentração. Assim, Bruno, um garoto de 8 anos, filho do oficial, começa uma linda amizade com um menino judeu da mesma idade. O filme mostra o modo como o preconceito, o ódio e a violência afetam pessoas inocentes, especialmente as crianças. É uma fábula sobre amizade em tempos de guerra e sobre o que acontece quando a inocência é colocada diante de um monstro terrível e inimaginável. 

O GRITO SILENCIOSO (Bernard Nathanson). Documentário histórico, produzido na década de 80 pelo Dr. Bernard Nathanson, famoso médico americano que, por ter sido responsável por mais de 60 mil abortos, chegou a ser conhecido pelo título “o Rei do Aborto”. Também fundou em 1969 a Liga Nacional do Direito ao Aborto, para fazer propaganda em favor da legalização oficial da interrupção da gravidez. Aos poucos foi concebendo o horror de suas práticas, principalmente com a inovação do ultra-som, que permitia ver o feto dentro da barriga da mãe e, no caso do aborto, ver o seu sofrimento e o seu grito silencioso, comprovando cientificamente que o aborto é, de fato, uma violência cruel contra um ser vivo totalmente indefeso.

O DIÁRIO DE ANNE FRANK (George Stevens). A épica adaptação para as telas de um dos mais comoventes documentos surgidos após a 2ª Guerra Mundial: o diário de uma garota judia de treze anos de idade, chamada Anne Frank. Para escapar aos horrores da perseguição nazista, Otto Frank escondeu sua esposa e suas duas filhas, Anne e Margot, em um sótão desocupado em Amsterdã por dois anos. Lá, também escondidos, estavam o Sr. e Sra. Van Daan, seu filho Peter e um dentista, o Sr. Dussel. Em seu diário, Anne registra as dificuldades e medos das pessoas à sua volta que tentavam viver uma vida normal mesmo confinados no minúsculo sótão, estando todo o tempo sob ameaça de serem descobertos pela Gestapo. O estresse e a tensão quase insuportável da situação são habilmente expostos neste filme marcante e tocante. Anne Frank representa a fé e a esperança de que o lado bom das pessoas ainda prevalecerá neste mundo.

O CONTADOR DE HISTÓRIAS (Luiz Villaça). O filme conta a história real de Roberto Carlos Ramos, que, nos anos 70, aos 6 anos de idade, foi deixado por sua mãe na FEBEM, com a ilusão de que ali seu filho teria um futuro melhor. Entretanto, a instituição pública mostrou que não passava de um frio depósito de crianças excluídas, onde estas eram submetidas a todo tipo de violência. Aos 13 anos, Roberto era analfabeto, tinha mais de 100 fugas, tinha praticado várias infrações e era considerado irrecuperável. O encontro com uma pedagoga, porém, mudou sua vida para sempre. Margherit Duvas abriu sua casa para o garoto e transformou a vida de Roberto através da pedagogia do amor. Ele cresceu, formou-se em pedagogia, virou escritor, palestrante e hoje é considerado um dos maiores contadores de histórias do mundo. Adotou 13 crianças de rua, que hoje formam a sua família.

O CAÇADOR DE PIPAS (Marc Forster). Este romance conta a história da amizade de Amir e Hassan, dois meninos quase da mesma idade, que vivem vidas muito diferentes no Afeganistão da década de 70. Amir é rico e bem-nascido, um pouco covarde, e sempre em busca da aprovação de seu próprio pai. Hassan, que não sabe ler nem escrever, é conhecido por coragem e bondade. Os dois, no entanto, são loucos por histórias antigas de grandes guerreiros, filmes de caubói americanos e pipas. E é justamente durante um campeonato de pipas, no inverno de 1975, que Hassan dá a Amir a chance de ser um grande homem, mas ele não enxerga sua redenção. Após desperdiçar a última chance, Amir vai para os Estados Unidos, fugindo da invasão soviética ao Afeganistão. Mas vinte anos depois, inesperados acontecimentos fazem Hassan voltar à sua terra natal para acertar contas com o passado. A história tem como cenário uma série de acontecimentos políticos tumultuosos, que começa com a queda da monarquia do Afeganistão decorrente da invasão soviética, a massa de emigrantes refugiados para o Paquistão e para os EUA e a implantação do regime Militar pelo Talibã.

O BICHO DE SETE CABEÇAS (Laís Bodanzky). Baseado em uma história real, o filme narra uma viagem ao inferno manicomial. Esta é a odisséia vivida por Neto, um adolescente de classe média, que leva uma vida normal até o dia em que o pai o interna em um manicômio depois de encontrar um baseado no bolso de seu casaco. O cigarro de maconha é apenas a gota d'água que deflagra a tragédia da família. Neto é um adolescente em busca de emoções e liberdade, que tem suas pequenas rebeldias incompreendidas pelo pai. A falta de entendimento entre os dois leva ao emudecimento na relação dentro de casa e o medo de perder o controle do filho vira o amor do avesso. Internado no manicômio, Neto conhece uma realidade completamente absurda, desumana, em que as pessoas são devoradas por um sistema manicomial corrupto e cruel. Dessa forma, ele é forçado a amadurecer e as transformações por que passa transformam sua relação com o pai.

NOTÍCIAS DE UMA GUERRA PARTICULAR (João Moreira Salles / Kátia Lund). Documentário que mostra um amplo e contundente retrato da violência no Rio de Janeiro. É possível ver flagrantes do cotidiano das favelas dominadas pelo tráfego de drogas e fazer uma profunda análise da situação através de entrevistas com todos os envolvidos no conflito entre traficantes e policiais - incluindo moradores que vivem no meio do fogo cruzado e especialistas em segurança pública. A realidade da violência é apresentada sem meios-tons e da forma mais abrangente possível, tornando patente o absurdo de uma guerra sem fim e sem vencedores possíveis.

MANDELA: MEU PRISIONEIRO, MEU AMIGO (Bille August). África do Sul, 1968. 20 milhões de negros são governados por uma minoria de 4 milhões de brancos sob o regime do apartheid. Os negros não têm direito a voto, terras, liberdade de ir e vir, nem chances iguais de moradia, emprego ou educação. Determinados a manter o poder, o governo proíbe todas as organizações de oposição e envia seus líderes para o exílio ou para a prisão da Ilha Robben. O filme mostra a história real de Nelson Mandela, no período de 20 anos que ficou preso, contada através das memórias de um guarda de prisão racista que teve sua vida completamente alterada pela convivência com o líder da África do Sul. Ótimo filme para fomentar a discussão sobre o uso da violência como instrumento político de libertação.


NASCIDOS EM BORDÉIS (Zana Briski / Ross Kauffman). É um documentário que mostra a vida das crianças do bairro da Luz Vermelha, em Calcutá. O aparente enriquecimento da Índia deixa de lado os menos favorecidos. Nesse contexto, os menos privilegiados são as crianças filhas de prostitutas do bairro mais pobre da cidade, para quem o presente é dramático e o futuro é sombrio. Porém, ainda há esperanças. Os documentaristas Zana Briski e Ross Kauffman procuram essas crianças e, munidos de câmeras fotográficas, pedem para eles fazerem retratos de tudo o que lhes chama a atenção. Os resultados são emocionantes. E enquanto essas crianças vão descobrindo essa nova forma de se expressar, os cineastas lutam para poder dar mais esperança e uma vida melhor para elas. O filme aborda, assim, o lamentável aspecto da violência econômica e aponta possíveis soluções para o problema, buscando salvar crianças através da arte e da educação.