quarta-feira, 27 de novembro de 2013

SETE ANOS NO TIBET (Jean-Jacques Annaud). O famoso alpinista austríaco Heinrich Harrer, interpretado por Brad Pitt, parte em busca do impossível: escalar um dos picos mais altos do Himalaia, o Nanga Parbat. Egoísta, visando somente a fama e a glória, experimentou a maior emoção de sua vida ao embaraçar nesta fantástica jornada. Capturado pelos ingleses, tornou-se prisioneiro em plena Segunda Guerra Mundial. Harrer conseguiu fugir e sua difícil aventura permitiu-lhe um encontro máximo com o jovem Dalai Lama (Kundun). Durante sete anos no Tibet, ele viveu uma profunda amizade que o fez despertar para a mais bela generosidade.
DANÇANDO COM O DIABO (Jon Blair). Documentário sobre a guerra contra o tráfico de drogas que assola o Rio de Janeiro há anos. De um lado, os traficantes, oriundos das classes mais baixas de uma sociedade decadente, que não lhes oferece oportunidades dignas de vida. De outro, o Estado e a Polícia, que investem pesado em armas e equipamentos de guerra para combaterem o tráfico de drogas, sem nunca conseguirem pôr fim à atividade, e revelam agentes despreparados técnico e emocionalmente. Como saldo, temos a morte de milhares de seres humanos de ambos os lados e também de moradores das favelas. No meio dessa dança, que envolve não só troca de tiros, mas também negócios escusos, um Pastor tenta salvar vidas e almas, mediar conflitos e pacificar lados. Sem disfarçar identidades, o documentário penetra num conflito que gera uma das taxas de mortandade mais elevadas do mundo. E mostra como o tráfico e a religião ocupam o espaço da ausência estatal em comunidades carentes.

sábado, 23 de novembro de 2013

QUEM MATOU PIXOTE? (José Joffily). O filme conta a história de Fernando Ramos da Silva, o ator-mirim que interpretou o papel-título no filme “Pixote, a Lei do Mais Fraco”. Após o curto período de sucesso que teve durante a infância, Fernando Ramos da Silva, já adolescente, não conseguiu mais trabalho como ator, se desesperou e acabou se enveredando pelo crime, como o personagem que interpretou. Acabou sendo covardemente assassinado por policiais em 1987, quando tinha apenas 19 anos.
QUASE DEUSES (Joseph Sargent). O filme conta a história real de Viven Thomas e Alfred Blalock, responsáveis pela primeira cirurgia feita no coração - antes disso o órgão era visto como algo intocável pela medicina. Viven é um hábil marceneiro negro que na década de 30 foi demitido após a grande depressão americana. Ele sonha em cursar uma faculdade de medicina e se tornar médico. Entretanto, o máximo que consegue para se aproximar da universidade é ganhar um emprego modesto do Dr. Alfred, um médico ambicioso que testa suas técnicas em animais para poder fazer a diferença e se sobressair perante os outros pesquisadores da área médica. Viven, dessa forma, passa a cuidar dos animais utilizados nas experiências do Dr. Alfred. Este logo percebe que seu ajudante tem uma inteligência privilegiada e que poderia ser melhor aproveitado. Os dois acabam fazendo um parceria incomum e às vezes conflitante, pois Viven nem sempre era lembrado quando conseguiam criar uma técnica, já que não era médico. O filme é uma lição de humanidade e humildade. Mostra que a ignorância e o preconceito racial podem ter castrado bons profissionais que fariam diferença, caso tivessem tido uma chance.
QUANTO VALE OU É POR QUILO? (Sérgio Bianchi). Trata-se de um filme inovador, misto de documentário e ficção, que retrata as mazelas e contradições de um país em permanente crise de valores e revela que a escravidão não acabou em nossa história: apenas deixou de ser explícita. A “exclusão social” é seu sinônimo velado. O filme desenha um painel de duas épocas aparentemente distintas, mas, no fundo, semelhantes na manutenção de uma perversa dinâmica sócio-econômica, embalada pela corrupção impune, pela violência e pelas enormes diferenças sociais. No Século XVIII, época da escravidão explícita, os capitães do mato caçavam negros para vendê-los aos senhores de terra com um único objetivo: o lucro. Nos dias atuais, o chamado Terceiro Setor explora a miséria, preenchendo a ausência do Estado em atividades assistenciais, que na verdade também são fontes de muito lucro. Com humor afinado, o filme mostra que o tempo passa e nada muda. A crítica às milhares de entidades assistenciais, ONGs e associações espalhadas por todo o Brasil é muito forte. De acordo com o filme, com o que essas associações gastam em aluguel, manutenção das propriedades, taxas municipais, estaduais e federais, montagem de escritórios, salários de pessoal, viagens de avião, computadores, diárias de hotéis, contas de restaurantes, táxis, mídia, propaganda, jingles e agências de publicidade, seria possível, se não solucionar definitivamente, ao menos resolver em boa parte os problemas para os quais foram criadas. Entretanto, esse dinheiro só serve para promover reuniões, debates, congressos e transformar os excluídos em meros dados cadastrais ou números estatísticos e nada mais. O que vale é ter liberdade pra consumir. Essa é a verdadeira funcionalidade da democracia, segundo o filme. A regra econômica e as relações econômicas prevalecem sobre qualquer tipo de relação humana e estão acima do ser humano. É triste perceber, ainda, que os excluídos não conseguem encontrar formas não violentas para superar a situação, apelando, frequentemente, para a reação violenta contra os privilegiados, gerando um ciclo de violências sem fim que simplesmente não resolve nada, só piora as coisas.
PROIBIDO PROIBIR (Jorge Durán). Um retrato do Brasil e da juventude brasileira. O filme conta a história de três universitários que se vêem envolvidos pela violência que existe no Brasil. Léon é gravemente ferido quando tenta salvar a vida de um menino que testemunhou um assassinato cometido por policiais. Ajudado por Letícia, Paulo, estudante de medicina, o opera em casa e lhe salva a vida. A dolorosa experiência aprofunda os laços de amizade do trio e une finalmente Paulo e Letícia, amor até o momento nunca realizado.
PRECIOSA (Lee Daniels). Clarice Preciosa Jones é uma adolescente de 16 anos que mora na Nova York de 1987, no bairro do Harlem. Negra, obesa, pobre e suburbana, ela passa por uma série de privações. Desde bebê, ela é violentada sistematicamente pelo pai e abusada pela mãe. Cresce conformada, irritada e sem qualquer tipo de amor. É mãe de uma filha do seu próprio pai, sendo esta portadora de síndrome de Down. Quando ela engravida pela segunda vez do seu próprio pai, a escola que frequenta decide suspendê-la. A diretora, entretanto, indica a ela uma escola alternativa, que possa ajudá-la a superar suas dificuldades. Lá, sob os cuidados de uma sensível professora, Preciosa descobre a importância da educação, que passa a exercer uma força redentora em sua vida. Descobre ainda o poder da amizade e o poder do amor que sente por seus filhos. Tudo o que ela mais deseja, agora, é poder dar aos filhos o que ela não teve. O filme promove uma denúncia da dura realidade da exclusão social, da falta de perspectivas e do descaso de órgãos públicos. Mas é também um louvor a tantos que lutam no anonimato contra adversidades interiores e exteriores, fazendo de suas vidas um exemplo de resiliência.