quarta-feira, 27 de novembro de 2013

SETE ANOS NO TIBET (Jean-Jacques Annaud). O famoso alpinista austríaco Heinrich Harrer, interpretado por Brad Pitt, parte em busca do impossível: escalar um dos picos mais altos do Himalaia, o Nanga Parbat. Egoísta, visando somente a fama e a glória, experimentou a maior emoção de sua vida ao embaraçar nesta fantástica jornada. Capturado pelos ingleses, tornou-se prisioneiro em plena Segunda Guerra Mundial. Harrer conseguiu fugir e sua difícil aventura permitiu-lhe um encontro máximo com o jovem Dalai Lama (Kundun). Durante sete anos no Tibet, ele viveu uma profunda amizade que o fez despertar para a mais bela generosidade.
DANÇANDO COM O DIABO (Jon Blair). Documentário sobre a guerra contra o tráfico de drogas que assola o Rio de Janeiro há anos. De um lado, os traficantes, oriundos das classes mais baixas de uma sociedade decadente, que não lhes oferece oportunidades dignas de vida. De outro, o Estado e a Polícia, que investem pesado em armas e equipamentos de guerra para combaterem o tráfico de drogas, sem nunca conseguirem pôr fim à atividade, e revelam agentes despreparados técnico e emocionalmente. Como saldo, temos a morte de milhares de seres humanos de ambos os lados e também de moradores das favelas. No meio dessa dança, que envolve não só troca de tiros, mas também negócios escusos, um Pastor tenta salvar vidas e almas, mediar conflitos e pacificar lados. Sem disfarçar identidades, o documentário penetra num conflito que gera uma das taxas de mortandade mais elevadas do mundo. E mostra como o tráfico e a religião ocupam o espaço da ausência estatal em comunidades carentes.

sábado, 23 de novembro de 2013

QUEM MATOU PIXOTE? (José Joffily). O filme conta a história de Fernando Ramos da Silva, o ator-mirim que interpretou o papel-título no filme “Pixote, a Lei do Mais Fraco”. Após o curto período de sucesso que teve durante a infância, Fernando Ramos da Silva, já adolescente, não conseguiu mais trabalho como ator, se desesperou e acabou se enveredando pelo crime, como o personagem que interpretou. Acabou sendo covardemente assassinado por policiais em 1987, quando tinha apenas 19 anos.
QUASE DEUSES (Joseph Sargent). O filme conta a história real de Viven Thomas e Alfred Blalock, responsáveis pela primeira cirurgia feita no coração - antes disso o órgão era visto como algo intocável pela medicina. Viven é um hábil marceneiro negro que na década de 30 foi demitido após a grande depressão americana. Ele sonha em cursar uma faculdade de medicina e se tornar médico. Entretanto, o máximo que consegue para se aproximar da universidade é ganhar um emprego modesto do Dr. Alfred, um médico ambicioso que testa suas técnicas em animais para poder fazer a diferença e se sobressair perante os outros pesquisadores da área médica. Viven, dessa forma, passa a cuidar dos animais utilizados nas experiências do Dr. Alfred. Este logo percebe que seu ajudante tem uma inteligência privilegiada e que poderia ser melhor aproveitado. Os dois acabam fazendo um parceria incomum e às vezes conflitante, pois Viven nem sempre era lembrado quando conseguiam criar uma técnica, já que não era médico. O filme é uma lição de humanidade e humildade. Mostra que a ignorância e o preconceito racial podem ter castrado bons profissionais que fariam diferença, caso tivessem tido uma chance.
QUANTO VALE OU É POR QUILO? (Sérgio Bianchi). Trata-se de um filme inovador, misto de documentário e ficção, que retrata as mazelas e contradições de um país em permanente crise de valores e revela que a escravidão não acabou em nossa história: apenas deixou de ser explícita. A “exclusão social” é seu sinônimo velado. O filme desenha um painel de duas épocas aparentemente distintas, mas, no fundo, semelhantes na manutenção de uma perversa dinâmica sócio-econômica, embalada pela corrupção impune, pela violência e pelas enormes diferenças sociais. No Século XVIII, época da escravidão explícita, os capitães do mato caçavam negros para vendê-los aos senhores de terra com um único objetivo: o lucro. Nos dias atuais, o chamado Terceiro Setor explora a miséria, preenchendo a ausência do Estado em atividades assistenciais, que na verdade também são fontes de muito lucro. Com humor afinado, o filme mostra que o tempo passa e nada muda. A crítica às milhares de entidades assistenciais, ONGs e associações espalhadas por todo o Brasil é muito forte. De acordo com o filme, com o que essas associações gastam em aluguel, manutenção das propriedades, taxas municipais, estaduais e federais, montagem de escritórios, salários de pessoal, viagens de avião, computadores, diárias de hotéis, contas de restaurantes, táxis, mídia, propaganda, jingles e agências de publicidade, seria possível, se não solucionar definitivamente, ao menos resolver em boa parte os problemas para os quais foram criadas. Entretanto, esse dinheiro só serve para promover reuniões, debates, congressos e transformar os excluídos em meros dados cadastrais ou números estatísticos e nada mais. O que vale é ter liberdade pra consumir. Essa é a verdadeira funcionalidade da democracia, segundo o filme. A regra econômica e as relações econômicas prevalecem sobre qualquer tipo de relação humana e estão acima do ser humano. É triste perceber, ainda, que os excluídos não conseguem encontrar formas não violentas para superar a situação, apelando, frequentemente, para a reação violenta contra os privilegiados, gerando um ciclo de violências sem fim que simplesmente não resolve nada, só piora as coisas.
PROIBIDO PROIBIR (Jorge Durán). Um retrato do Brasil e da juventude brasileira. O filme conta a história de três universitários que se vêem envolvidos pela violência que existe no Brasil. Léon é gravemente ferido quando tenta salvar a vida de um menino que testemunhou um assassinato cometido por policiais. Ajudado por Letícia, Paulo, estudante de medicina, o opera em casa e lhe salva a vida. A dolorosa experiência aprofunda os laços de amizade do trio e une finalmente Paulo e Letícia, amor até o momento nunca realizado.
PRECIOSA (Lee Daniels). Clarice Preciosa Jones é uma adolescente de 16 anos que mora na Nova York de 1987, no bairro do Harlem. Negra, obesa, pobre e suburbana, ela passa por uma série de privações. Desde bebê, ela é violentada sistematicamente pelo pai e abusada pela mãe. Cresce conformada, irritada e sem qualquer tipo de amor. É mãe de uma filha do seu próprio pai, sendo esta portadora de síndrome de Down. Quando ela engravida pela segunda vez do seu próprio pai, a escola que frequenta decide suspendê-la. A diretora, entretanto, indica a ela uma escola alternativa, que possa ajudá-la a superar suas dificuldades. Lá, sob os cuidados de uma sensível professora, Preciosa descobre a importância da educação, que passa a exercer uma força redentora em sua vida. Descobre ainda o poder da amizade e o poder do amor que sente por seus filhos. Tudo o que ela mais deseja, agora, é poder dar aos filhos o que ela não teve. O filme promove uma denúncia da dura realidade da exclusão social, da falta de perspectivas e do descaso de órgãos públicos. Mas é também um louvor a tantos que lutam no anonimato contra adversidades interiores e exteriores, fazendo de suas vidas um exemplo de resiliência.
POR AMOR (David Hollander). O filme traz a história de um jovem atormentado pela morte de sua irmã, que busca vingança ao menos pelos caminhos da Justiça Penal. Nas idas ao Fórum, onde acompanha rigorosamente as sessões do processo movido contra o suspeito do assassinato, ele conhece uma mulher mais velha que, assim como ele, traz feridas emocionais na alma e também busca por Justiça. As dores que ambos sentem acabam por aproximá-los e, em pouco tempo, eles deixam de ser apenas duas pessoas estranhas e passam a ter um significado maior na vida um do outro. É uma bonita história sobre superação da dor da perda.

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

PODER ALÉM DA VIDA (Victor Salva). Inspirado em uma história real, o filme conta a história de Dan Millman, um talentoso ginasta que sonha com o ouro olímpico. Ele tem tudo: troféus, amigos, festas, aventuras e belas garotas. Entretanto, seu mundo vira de cabeça para baixo quando conhece um misterioso e surpreendente empregado de uma loja de conveniências, que assume o papel de um mestre em sua vida. Após sofrer um acidente de moto, Dan descobre que ainda há muito a aprender e muito mais para deixar para trás, antes de se tornar um “Guerreiro da Paz” e encontrar o seu caminho. Aprende, sobretudo, que a felicidade e a paz não são um fim, mas são o próprio caminho. E acaba redescobrindo o amor pelo esporte no simples ato de praticá-lo e não nas ilusões e frustrações das competições e medalhas. É uma comovente história sobre o poder do espírito humano.
PIXOTE, A LEI DO MAIS FRACO (Hector Babenco). Clássico nacional dos anos 80, o filme conta a história de um menino abandonado por seus pais que vive na marginalidade. Trata-se de um retrato da realidade de muitas crianças e adolescentes no Brasil que, diante da escassez de oportunidades, do abandono por parte da família e do descaso e abuso por parte das autoridades públicas, escolhem trilhar a vida do crime. Pixote torna-se traficante de drogas, cafetão e assassino, com apenas onze anos de idade.
PEQUENA MISS SUNSHINE (Jonathan Dayton / Valerie Faris). O filme conta a história de uma família de classe média norte-americana, desestruturada e em crise. Richard é o pai dessa família. Ele se considera um guru de auto-ajuda. Escreveu um livro com nove passos para quem deseja alcançar o tão sonhado “sucesso americano”, embora ele mesmo seja um “perdedor” para os moldes de seu país. Ele sonha em conseguir publicar o livro, ficar famoso e ser convidado para palestras e seminários importantes. Mas nem mesmo sua própria mulher acredita muito em seu talento. Seu pai é um velho desagradável e viciado em heroína, que foi expulso do asilo. Ele tem a mania de fazer comentários indecentes e inconvenientes nas horas mais impróprias. Seu cunhado é um professor universitário de filosofia, deprimido e gay, que acaba de tentar o suicídio após ser abandonado pelo amante. Seu filho mais velho é obcecado pela obra de Nietszche e sonha em ser piloto de avião. Ele fez um voto de silêncio até conseguir realizar o sonho. Sua filha é uma pré-adolescente gordinha, de óculos e desengonçada, que é obcecada por concursos de beleza infantis. Quando a menina consegue ser classificada para disputar o concurso “Pequena Miss Sunshine”, na Califórnia, a família se vê na obrigação de viajarem todos juntos para acompanhá-la. A bordo de uma velha Kombi amarela, eles fazem uma viagem de três conturbados dias, cheios de surpresas e incidentes que irão, finalmente, unir a todos. O filme é uma bem-humorada crítica ao “american way of life”, à competitividade, à obsessão pelo sucesso e ao repúdio aos “losers” que caracteriza os costumes americanos, onde nem as crianças são poupadas. Desperta, assim, uma boa reflexão sobre como esses elementos têm influenciado a estrutura familiar e sobre a necessidade de aprender a conviver com o diferente. 
PEARL HARBOR (Michael Bay). Uma superprodução épica que relata o repentino e devastador ataque japonês à base militar norte-americana em Pearl Harbor no dia 7 de dezembro de 1941. Um ato que chocou o mundo e afetou milhares de pessoas, colocando definitivamente os Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial. O filme apresenta um romance baseado no episódio e peca por apresentar apenas a visão estadunidense dos fatos, sugerindo uma glorificação dos seus “heróis” de guerra e uma tentativa de justificar o revide norte-americano. Mesmo assim, é um filme excelente para quem deseja entender melhor os acontecimentos que marcaram a Segunda Guerra Mundial.
PATCH ADAMS – O AMOR É CONTAGIOSO (Tom Shadyac). Baseado numa história verdadeira, o filme conta a história de um médico que não parece, age ou pensa como nenhum doutor que você conheceu antes. Para o Dr. Patch Adams, interpretado por Robin Williams, humor é o melhor remédio, e ele está disposto a fazer de tudo para que seus pacientes sorriam - mesmo que isto signifique arriscar sua própria carreira.
PARANÓIA AMERICANA (Jeff Renfroe). Terry Allen, após perder seu emprego, próximo de 11 de setembro, é bombardeado por notícias de terrorismo. Fica obcecado e desconfia que seu vizinho, um suposto estudante islâmico, é um perigoso terrorista internacional. Dessa forma, passa a usar seu tempo livre para investigá-lo. Enquanto descobre cada detalhe da vida do enigmático vizinho, Terry não percebe que está entrando em um jogo perigoso contra seus próprios medos, numa paranóia sem fim. Essa guerra seria realmente fruto de sua imaginação ou ele estaria prestes a impedir outro ataque terrorista contra os EUA?
OS ANJOS DA GUERRA (Yurek Bogayevicz). Baseado em um caso real, o filme é ambientado na Polônia, logo depois da invasão nazista de 1939. Romek é um garoto judeu de 11 anos separado da família, pouco antes da deportação de todo o gueto para os campos de extermínio. Escondido dentro de um saco de batatas, ele é levado para um vilarejo, onde é adotado por um casal de fazendeiros. Mas Romek luta contra todas as adversidades, desde o ciúme do filho do casal ao pelotão alemão que fiscaliza o local e desconfia de sua origem.
OLHOS AZUIS (José Jofilly). Marshall é o chefe do Departamento de Imigração do aeroporto JFK, em Nova York. Comemorando seu último dia de trabalho, Marshall resolve se divertir complicando a entrada no país de vários latino-americanos. Entre eles está Nonato, um brasileiro radicado nos EUA, dois poetas argentinos, uma bailarina cubana e um grupo de lutadores hondurenhos. Dois anos depois, Marshall vem ao Brasil procurar uma menina de nome Luiza. Uma jornada em busca de redenção se inicia quando ele conhece Bia, uma prostituta brasileira que acaba sendo seu anjo da guarda. Trata-se de um ótimo filme que aborda temas como intolerância racial, preconceito e xenofobia. 

OLHOS AZUIS (Jane Elliot). Documentário feito pela professora Jane Elliot, onde conduz uma experiência de grupo que evidencia o racismo, o preconceito, a submissão voluntária e a conformidade presentes na sociedade. Uma experidência que muda, definitivamente, nossa forma de ver os outros.
O TERMINAL (Steven Spielberg). Baseado em fatos reais, o filme conta o surreal episódio ocorrido com Viktor Navorski, um cidadão da Europa Oriental que viaja rumo a Nova York justamente quando seu país sofre um golpe de estado, o que faz com que seu passaporte seja invalidado. Ao chegar ao aeroporto, Viktor não consegue autorização para entrar nos Estados Unidos. Sem poder retornar à sua terra natal, já que as fronteiras foram fechadas após o golpe, Viktor passa a improvisar seus dias e noites no próprio aeroporto, à espera que a situação se resolva. Porém, com a situação se arrastando por meses, Viktor permanece no aeroporto e passa a descobrir o complexo mundo do terminal onde está preso. O filme aborda temas como xenofobismo e falta de respeito e consideração com relação a estrangeiros. É um exemplo de que a globalização não representa verdadeiramente a diluição das fronteiras, a não ser para o capital. Para o ser humano, as portas de entrada dos países ricos permanecem bem vigiadas e impermeáveis à passagem de “consumidores falhos”.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013


O SOL É PARA TODOS (Robert Mulligan). Clássico dos anos 60, o filme conta a história da família de Atticus Finch, um viúvo que vive com seus dois filhos na pequena cidade de Maycomb, na época da depressão. Atticus é advogado, homem simples e de grande caráter. Seus filhos aprendem com ele os princípios da justiça, do respeito e da igualdade. As crianças promovem cenas de pura sensibilidade, além de grande valor e significação para uma melhor convivência. A relação entre pai e filhos é harmoniosa, terna, e ainda mais solidificada, já que Atticus é pai e mãe ao mesmo tempo. Quando aceita defender o negro Tom Robinson, acusado de estuprar uma moça branca, Atticus passa a sofrer o ódio e o racismo de alguns habitantes da cidadezinha, inconformados com o seu trabalho. Ao mesmo tempo que leva o caso adiante, tenta proteger os filhos dos mesmos sentimentos de que é vítima, sem nunca instigar ou promover a violência. No dia do julgamento, Atticus prova a inocência do réu, evidenciando a hipocrisia e o cinismo daquela acusação de caráter preconceituoso. Ainda assim, o veredicto não envereda pelos caminhos da justiça e o desfecho da história é surpreendente.

O SENHOR DAS ARMAS (Andrew Niccol). Baseado em uma história real, o filme conta a história de Yuri Orlev, interpretado por Nicolas Cage, um imigrante ucraniano nos EUA que se torna um poderoso traficante internacional de armas. Aparentemente, o filme seria apenas mais uma daquelas histórias violentas que fazem tanto sucesso nos cinemas. Mas, ao final do filme, se percebe que o mesmo é uma incisiva crítica política à indústria e ao comércio da guerra, esse lucrativo negócio que enriquece justamente os principais países que se dizem “defensores da paz”, mas que continuam promovendo uma camuflada política belicista.

O PEQUENO TRAIDOR (Lynn Roth). O filme se passa na cidade da Palestina, em 1947, meses antes de Israel se tornar um estado independente. Proffy Liebowitz é um garoto judeu de doze anos que almeja o dia em que as forças de ocupação inglesas deixem sua terra. Proffy e seus dois amigos estão sempre pensando em algum plano para aterrorizar os ingleses, até a noite em que é surpreendido na rua depois do toque de recolher pelo oficial inglês Dunlop. Em vez de prendê-lo, Dunlop leva o garoto até em casa e, nas semanas seguintes, os dois prováveis inimigos começam uma intensa amizade. E Proffy é considerado publicamente como traidor, numa experiência que irá marcar sua vida para sempre, especialmente ao constatar sua genuína amizade com o inimigo.

O ÓLEO DE LORENZO (George Miller). Baseado em uma história real, o filme conta a história de Lorenzo Odone, um garoto de cinco anos com o diagnóstico de uma doença terminal rara. Seus pais, Augusto e Michaela Odone, iniciam, então, uma missão extraordinária para salvar Lorenzo, enfrentando médicos, cientistas e grupos de apoio que relutavam em incentivar o casal na busca de uma cura. O esforço inesgotável dos dois testa a resistência de seus laços de união, a profundidade de suas crenças e os limites da medicina convencional. 

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013


O MENINO DO PIJAMA LISTRADO (Mark Herman). Durante a Segunda Guerra Mundial, uma família alemã se muda de Berlim para Auschwitz, quando o patriarca é ordenado por Hitler para trabalhar no campo de concentração. Assim, Bruno, um garoto de 8 anos, filho do oficial, começa uma linda amizade com um menino judeu da mesma idade. O filme mostra o modo como o preconceito, o ódio e a violência afetam pessoas inocentes, especialmente as crianças. É uma fábula sobre amizade em tempos de guerra e sobre o que acontece quando a inocência é colocada diante de um monstro terrível e inimaginável. 

O GRITO SILENCIOSO (Bernard Nathanson). Documentário histórico, produzido na década de 80 pelo Dr. Bernard Nathanson, famoso médico americano que, por ter sido responsável por mais de 60 mil abortos, chegou a ser conhecido pelo título “o Rei do Aborto”. Também fundou em 1969 a Liga Nacional do Direito ao Aborto, para fazer propaganda em favor da legalização oficial da interrupção da gravidez. Aos poucos foi concebendo o horror de suas práticas, principalmente com a inovação do ultra-som, que permitia ver o feto dentro da barriga da mãe e, no caso do aborto, ver o seu sofrimento e o seu grito silencioso, comprovando cientificamente que o aborto é, de fato, uma violência cruel contra um ser vivo totalmente indefeso.

O DIÁRIO DE ANNE FRANK (George Stevens). A épica adaptação para as telas de um dos mais comoventes documentos surgidos após a 2ª Guerra Mundial: o diário de uma garota judia de treze anos de idade, chamada Anne Frank. Para escapar aos horrores da perseguição nazista, Otto Frank escondeu sua esposa e suas duas filhas, Anne e Margot, em um sótão desocupado em Amsterdã por dois anos. Lá, também escondidos, estavam o Sr. e Sra. Van Daan, seu filho Peter e um dentista, o Sr. Dussel. Em seu diário, Anne registra as dificuldades e medos das pessoas à sua volta que tentavam viver uma vida normal mesmo confinados no minúsculo sótão, estando todo o tempo sob ameaça de serem descobertos pela Gestapo. O estresse e a tensão quase insuportável da situação são habilmente expostos neste filme marcante e tocante. Anne Frank representa a fé e a esperança de que o lado bom das pessoas ainda prevalecerá neste mundo.

O CONTADOR DE HISTÓRIAS (Luiz Villaça). O filme conta a história real de Roberto Carlos Ramos, que, nos anos 70, aos 6 anos de idade, foi deixado por sua mãe na FEBEM, com a ilusão de que ali seu filho teria um futuro melhor. Entretanto, a instituição pública mostrou que não passava de um frio depósito de crianças excluídas, onde estas eram submetidas a todo tipo de violência. Aos 13 anos, Roberto era analfabeto, tinha mais de 100 fugas, tinha praticado várias infrações e era considerado irrecuperável. O encontro com uma pedagoga, porém, mudou sua vida para sempre. Margherit Duvas abriu sua casa para o garoto e transformou a vida de Roberto através da pedagogia do amor. Ele cresceu, formou-se em pedagogia, virou escritor, palestrante e hoje é considerado um dos maiores contadores de histórias do mundo. Adotou 13 crianças de rua, que hoje formam a sua família.

O CAÇADOR DE PIPAS (Marc Forster). Este romance conta a história da amizade de Amir e Hassan, dois meninos quase da mesma idade, que vivem vidas muito diferentes no Afeganistão da década de 70. Amir é rico e bem-nascido, um pouco covarde, e sempre em busca da aprovação de seu próprio pai. Hassan, que não sabe ler nem escrever, é conhecido por coragem e bondade. Os dois, no entanto, são loucos por histórias antigas de grandes guerreiros, filmes de caubói americanos e pipas. E é justamente durante um campeonato de pipas, no inverno de 1975, que Hassan dá a Amir a chance de ser um grande homem, mas ele não enxerga sua redenção. Após desperdiçar a última chance, Amir vai para os Estados Unidos, fugindo da invasão soviética ao Afeganistão. Mas vinte anos depois, inesperados acontecimentos fazem Hassan voltar à sua terra natal para acertar contas com o passado. A história tem como cenário uma série de acontecimentos políticos tumultuosos, que começa com a queda da monarquia do Afeganistão decorrente da invasão soviética, a massa de emigrantes refugiados para o Paquistão e para os EUA e a implantação do regime Militar pelo Talibã.

O BICHO DE SETE CABEÇAS (Laís Bodanzky). Baseado em uma história real, o filme narra uma viagem ao inferno manicomial. Esta é a odisséia vivida por Neto, um adolescente de classe média, que leva uma vida normal até o dia em que o pai o interna em um manicômio depois de encontrar um baseado no bolso de seu casaco. O cigarro de maconha é apenas a gota d'água que deflagra a tragédia da família. Neto é um adolescente em busca de emoções e liberdade, que tem suas pequenas rebeldias incompreendidas pelo pai. A falta de entendimento entre os dois leva ao emudecimento na relação dentro de casa e o medo de perder o controle do filho vira o amor do avesso. Internado no manicômio, Neto conhece uma realidade completamente absurda, desumana, em que as pessoas são devoradas por um sistema manicomial corrupto e cruel. Dessa forma, ele é forçado a amadurecer e as transformações por que passa transformam sua relação com o pai.

NOTÍCIAS DE UMA GUERRA PARTICULAR (João Moreira Salles / Kátia Lund). Documentário que mostra um amplo e contundente retrato da violência no Rio de Janeiro. É possível ver flagrantes do cotidiano das favelas dominadas pelo tráfego de drogas e fazer uma profunda análise da situação através de entrevistas com todos os envolvidos no conflito entre traficantes e policiais - incluindo moradores que vivem no meio do fogo cruzado e especialistas em segurança pública. A realidade da violência é apresentada sem meios-tons e da forma mais abrangente possível, tornando patente o absurdo de uma guerra sem fim e sem vencedores possíveis.

MANDELA: MEU PRISIONEIRO, MEU AMIGO (Bille August). África do Sul, 1968. 20 milhões de negros são governados por uma minoria de 4 milhões de brancos sob o regime do apartheid. Os negros não têm direito a voto, terras, liberdade de ir e vir, nem chances iguais de moradia, emprego ou educação. Determinados a manter o poder, o governo proíbe todas as organizações de oposição e envia seus líderes para o exílio ou para a prisão da Ilha Robben. O filme mostra a história real de Nelson Mandela, no período de 20 anos que ficou preso, contada através das memórias de um guarda de prisão racista que teve sua vida completamente alterada pela convivência com o líder da África do Sul. Ótimo filme para fomentar a discussão sobre o uso da violência como instrumento político de libertação.


NASCIDOS EM BORDÉIS (Zana Briski / Ross Kauffman). É um documentário que mostra a vida das crianças do bairro da Luz Vermelha, em Calcutá. O aparente enriquecimento da Índia deixa de lado os menos favorecidos. Nesse contexto, os menos privilegiados são as crianças filhas de prostitutas do bairro mais pobre da cidade, para quem o presente é dramático e o futuro é sombrio. Porém, ainda há esperanças. Os documentaristas Zana Briski e Ross Kauffman procuram essas crianças e, munidos de câmeras fotográficas, pedem para eles fazerem retratos de tudo o que lhes chama a atenção. Os resultados são emocionantes. E enquanto essas crianças vão descobrindo essa nova forma de se expressar, os cineastas lutam para poder dar mais esperança e uma vida melhor para elas. O filme aborda, assim, o lamentável aspecto da violência econômica e aponta possíveis soluções para o problema, buscando salvar crianças através da arte e da educação.